Ares Deus Olimpiano da Guerra na Mitologia Grega

 

deus ares da guerra

Origem do deus Ares

Ares é uma figura central na mitologia grega, conhecido como o deus da guerra. Ele é filho de Zeus, o rei dos deuses, e Hera, a rainha dos deuses. Ao contrário de sua irmã Atena, que representa a guerra estratégica e a sabedoria militar, Ares personifica o aspecto violento e caótico dos conflitos. Sua origem remonta aos antigos mitos gregos que descrevem os deuses e suas interações com os mortais e entre si.

Poderes de Ares

Os poderes de Ares como deus da guerra são diretamente relacionados à guerra e ao combate. Ele é descrito como possuindo uma força sobre-humana, resistência imensa e uma habilidade inigualável em combate. Ares também tem a capacidade de instigar a discórdia e a violência, incitando os humanos a entrarem em conflito. Além disso, ele pode manipular a moral e a coragem dos guerreiros, tanto inspirando-os quanto aterrorizando-os. Suas armas típicas incluem uma lança e uma armadura de bronze, e ele é frequentemente representado em um carro de guerra puxado por corcéis furiosos.

Territórios de Ares

Ares não possui um território fixo como outros deuses que são patronos de cidades específicas. No entanto, ele é associado a campos de batalha e locais de conflito. Sua presença é sentida onde quer que haja guerra e derramamento de sangue. Em algumas tradições, ele é particularmente venerado em regiões belicosas da Grécia Antiga, como Esparta, onde a cultura militar era extremamente valorizada.

Familiares de Ares

Ares faz parte de uma extensa família divina. Seus pais são Zeus e Hera, e ele tem vários irmãos, incluindo Atena, Apolo, Ártemis, Hefesto e Hermes. Ares teve numerosos filhos com diferentes deusas e mortais. Entre os mais notáveis estão

  • Deismos(terros) e Febos (medo): seus filhos com Afrodite, que frequentemente o acompanham em batalhas.
  • Harmonia: também filha de Ares e Afrodite, conhecida como a deusa da harmonia e da concórdia.
  • As Amazonas: um grupo de guerreiras ferozes, muitas vezes consideradas suas filhas ou protegidas.
deus ares e seus irmãos


Histórias de Ares

1. Ares e Afrodite

Uma das histórias mais famosas envolvendo Ares é seu romance com Afrodite, a deusa do amor. Apesar de Afrodite ser casada com Hefesto, o deus ferreiro, ela manteve um caso com Ares. Quando Hefesto descobriu a traição, armou uma armadilha e capturou os amantes em uma rede invisível, expondo-os à vergonha diante dos outros deuses.

2. Ares na Guerra de Troia

Na "Ilíada" de Homero, Ares desempenha um papel significativo na Guerra de Troia, lutando ao lado dos troianos. Ele é ferido por Diomedes, com a ajuda de Atena, e retorna ao Olimpo para queixar-se a Zeus. Homero descreve Ares como um deus detestável, que se deleita no caos e na destruição da guerra (Homero, Ilíada, Livro 5).

3. O Rapto de Ares

Segundo a "Biblioteca" de Apolodoro, Ares foi aprisionado pelos gigantes gêmeos Otos e Efialtes, que o mantiveram preso em um vaso de bronze por treze meses. Ele foi libertado por Hermes, que conseguiu enganar os gigantes. Este episódio demonstra a vulnerabilidade de Ares, contrastando com sua imagem de deus invencível na guerra.

Citações sobre Ares

Homero

Homero descreve Ares na "Ilíada" como um deus impetuoso e brutal, que gosta de semear o terror e o caos entre os humanos. Ele não é amplamente admirado pelos outros deuses, que frequentemente o consideram um problema devido à sua natureza violenta (Homero, Ilíada, Livro 5).

Egídio

Egídio Romano, um teólogo medieval, escreveu sobre Ares em sua obra "De Regimine Principum", onde ele compara o deus grego com Marte, seu equivalente romano. Egídio destaca a associação de Ares com a irracionalidade da guerra, em contraste com a guerra justa e defensiva personificada por Atena.

Culto a Ares

O culto a Ares na Grécia Antiga não era tão difundido quanto o de outros deuses olímpicos, como Zeus ou Atena. No entanto, havia regiões e cidades onde ele era reverenciado, especialmente em locais com uma forte tradição militar.

Culto em Esparta

Esparta, conhecida por sua cultura militarista e sociedade centrada na guerra, tinha um culto significativo a Ares. Os espartanos honravam Ares como um dos seus principais deuses, buscando sua bênção antes de partir para a batalha. Sacrifícios de animais, como bodes e galos, eram comuns, e os guerreiros frequentemente faziam oferendas para assegurar vitórias nos combates. Em Esparta, Ares era associado à coragem e à disciplina militar, valores centrais para a sociedade espartana.

Santuários e Altares

Embora Ares não tivesse muitos templos dedicados exclusivamente a ele, existiam santuários e altares onde ele era adorado. Um dos exemplos mais conhecidos é o Areópago, uma colina em Atenas onde se acredita que ele tenha sido julgado por matar Halirrothios, filho de Poseidon. Este local posteriormente tornou-se um importante tribunal, simbolizando a justiça em tempos de guerra e paz.

Festivais e Rituais

Os rituais em honra a Ares incluíam sacrifícios de animais e oferendas de armas e armaduras capturadas dos inimigos. Em algumas cidades, jovens guerreiros realizavam danças e exercícios militares como parte das celebrações religiosas. Estes rituais tinham como objetivo invocar a proteção de Ares e garantir sucesso nas futuras batalhas.

Culto Romano a Marte

O culto a Ares foi assimilado na cultura romana sob a forma do deus Marte, que se tornou um dos deuses mais importantes de Roma. Marte tinha um culto muito mais estruturado e era venerado não apenas como um deus da guerra, mas também como um protetor da agricultura e da primavera. As celebrações em sua honra, como o festival de Martius (março), refletiam sua dupla natureza como deus da guerra e da fertilidade.

Ares em Outras Tradições Religiosas

Além da Grécia e Roma, aspectos de Ares podem ser encontrados em outras tradições e culturas que cultuavam deuses da guerra e da violência.

Mitologia Nórdica: Tyr e Odin

Na mitologia nórdica, existem paralelos entre Ares e os deuses Tyr e Odin. Tyr é o deus da guerra e do combate de um único braço, conhecido por sua bravura e por sacrificar sua mão para acalmar o lobo Fenrir. Odin, por outro lado, é o deus supremo que também tem aspectos de um deus da guerra, sendo associado à sabedoria e ao uso estratégico da guerra. Ambos os deuses são reverenciados pelos guerreiros vikings que buscavam coragem e vitória em batalhas.

Mitologia Hindu: Kartikeya

Na mitologia hindu, Kartikeya, também conhecido como Skanda ou Murugan, é o deus da guerra e filho de Shiva e Parvati. Kartikeya é frequentemente retratado como um comandante divino de exércitos, montado em um pavão e armado com uma lança. Ele é adorado principalmente no sul da Índia, onde templos e festivais são dedicados a ele, refletindo seu papel como um deus guerreiro protetor.

Mitologia Japonesa: Hachiman

Hachiman é o kami (espírito) da guerra e dos guerreiros na mitologia japonesa. Originalmente uma divindade agrícola, Hachiman tornou-se associado aos guerreiros samurais e foi venerado como um protetor do Japão. Santuários dedicados a Hachiman são comuns, e ele é especialmente reverenciado durante períodos de conflito.

Mitologia Celta: Morrigan

Na mitologia celta, Morrigan é a deusa da guerra, da morte e da destruição. Ela é frequentemente retratada como uma figura sombria que pode se transformar em um corvo, observando e influenciando o curso das batalhas. Morrigan é uma deusa complexa que representa a ferocidade e a imprevisibilidade da guerra, semelhante aos aspectos mais sombrios de Ares.

 Relevância Cultural

Embora o culto a Ares não tenha alcançado a mesma popularidade que outros deuses, sua figura e os rituais associados a ele refletem a importância da guerra na vida dos antigos gregos. Ares representava o lado mais sombrio e brutal da guerra, mas também personificava a coragem e a força necessárias para enfrentar conflitos inevitáveis.

 


Referências

  • Homero. Ilíada. Traduzido por Robert Fagles. Viking Penguin, 1990.
  • Apolodoro. Biblioteca. Traduzido por James George Frazer. Harvard University Press, 1921.
  • Egídio Romano. De Regimine Principum. Traduzido por James M. Blythe. University of Pennsylvania Press, 1997.
  • Burkert, Walter. Greek Religion. Harvard University Press, 1985.
  • Nilsson, Martin P. A History of Greek ReligionOxford University Press, 1949.
  • Davidson, H.R. Ellis. Gods and Myths of Northern EuropePenguin Books, 1964.
  • Mani, Vettam. Puranic Encyclopaedia: A Comprehensive Work with Special Reference to the Epic and Puranic LiteratureMotilal Banarsidass, 1975.

Smyers, Karen Ann. The Fox and the Jewel: Shared and Private Meanings in Contemporary Japanese Inari Worship. University of Hawaii Press, 1999